31 dezembro 2010
26 dezembro 2010
À mesa
Natal é: uma mesa a abarrotar de gente e de comida;
lareira acesa.
Não fazia falta: quilos a mais;
amendoins no bolo rei.
23 dezembro 2010
22 dezembro 2010
A propósito do ensino privado
Madrassas
Confesso a minha ingenuidade: acreditava que o ensino privado era... privado. Descobri estupefacto que o Estado — ou seja, os contribuintes, nós todos — financia o ensino privado à razão de 120 mil euros por turma. O custo do ensino público ronda os 80 mil euros por turma. Ao todo, 93 escolas privadas vivem à custa do Estado, ou seja, dos contribuintes, nós todos. Não é extraordinário?
Bem pode a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo dar pinotes, ameaçando despedir, a partir de Janeiro, 30 professores e 7 funcionários por escola. Nos termos do OE 2011, o governo aprovou (no mês passado) o diploma que altera o modelo de financiamento do ensino privado. Nem outra coisa seria de esperar.
É-me indiferente que sejam, predominantemente, escolas católicas. Até podiam ser satânicas. Não gosto de nenhuma espécie de madrassa.
Nunca entendi a utilidade pública dos colégios privados de Viseu serem pagos pelos meus impostos, se a direcção dos respectivos colégios escolhem os alunos e os professores, sem ter em conta qualquer interesse público.
Confesso a minha ingenuidade: acreditava que o ensino privado era... privado. Descobri estupefacto que o Estado — ou seja, os contribuintes, nós todos — financia o ensino privado à razão de 120 mil euros por turma. O custo do ensino público ronda os 80 mil euros por turma. Ao todo, 93 escolas privadas vivem à custa do Estado, ou seja, dos contribuintes, nós todos. Não é extraordinário?
Bem pode a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo dar pinotes, ameaçando despedir, a partir de Janeiro, 30 professores e 7 funcionários por escola. Nos termos do OE 2011, o governo aprovou (no mês passado) o diploma que altera o modelo de financiamento do ensino privado. Nem outra coisa seria de esperar.
É-me indiferente que sejam, predominantemente, escolas católicas. Até podiam ser satânicas. Não gosto de nenhuma espécie de madrassa.
Nunca entendi a utilidade pública dos colégios privados de Viseu serem pagos pelos meus impostos, se a direcção dos respectivos colégios escolhem os alunos e os professores, sem ter em conta qualquer interesse público.
30 novembro 2010
26 novembro 2010
Liceu Nacional da Viseu
Não se esqueçam do encontro amanhã.
Digo eu que não nada adepta de recordes mas vou gostar de rever alguns colegas.
Digo eu que não nada adepta de recordes mas vou gostar de rever alguns colegas.
19 novembro 2010
Mudanças
Acredito que toda a mudança é sempre um salto em frente. Sei, por experiência, que os saltos podem deixar lesões maiores ou menores mas, por norma, são benéficos.
Introdução feita passo aos factos: Depois duns meses de desemprego decidi iniciar uma actividade nova. Uma área completamente nova para mim onde tenho que aprender o bé-á-bá como se tivesse 5 anos. Não está a ser fácil. Além da tão falada crise é uma actividade por conta própria o que significa que de início não entra nada, só sai (embora não muito).
Está explicado o motivo por não ter aparecido por aqui e por não ter novidades das manualidades.
Prometo manter alguma regularidade na escrita.
Introdução feita passo aos factos: Depois duns meses de desemprego decidi iniciar uma actividade nova. Uma área completamente nova para mim onde tenho que aprender o bé-á-bá como se tivesse 5 anos. Não está a ser fácil. Além da tão falada crise é uma actividade por conta própria o que significa que de início não entra nada, só sai (embora não muito).
Está explicado o motivo por não ter aparecido por aqui e por não ter novidades das manualidades.
Prometo manter alguma regularidade na escrita.
01 novembro 2010
Pedido de divulgação de uma boa causa
Olá a todos!
Trazemo-vos hoje uma notícia que nos enche de alegria: o nascimento do Núcleo de Viseu da Animais de Rua!
O Núcleo acaba de nascer e conta ainda com muito poucos apoiantes e voluntários, por isso contamos convosco para conseguirmos dar ao Núcleo condições para começar a por a "mão na massa" e agendar as primeiras capturas do seu programa CED!
Aqui fica uma lista das necessidades mais urgentes do Núcleo:
- duas armadilhas, no valor de 100€ cada;
- oito transportadoras, no valor de 20€ cada;
- uma jaula para pós-operatórios prolongados, no valor de 80€;
- padrinhos de esterilização para os primeiros animais candidatados, no valor de 30€ por cada gata e 15€ por cada gato;
- voluntários para as capturas, pós-operatórios e boleias para as clínicas veterinárias, trabalho administrativo e participação em campanhas.
Caso viva ou visite regularmente a cidade de Viseu e queira oferecer algum do seu tempo ao Núcleo de Lagos em regime de voluntariado, por favor escreva para lara.teixeira@animaisderua.org.
Caso queira contribuir financeiramente para a aquisição de material para o Núcleo, por favor transfira o seu donativo para o NIB: 0065 0921 00201240009 31 e envie um email com o montante transferido para o geral@animaisderua.org
Esta é a primeira colónia candidata a esterilização pelo Núcleo de Viseu:
Agradecemos ajuda na divulgação deste apelo.
Muito obrigada a todos!
A equipa da Animais de RUA
20 outubro 2010
Ajuda de Berço
Vi uma reportagem na SIC sobre as dificuldades financeiras da Associação Ajuda de Berço e fiquei a fazer contas de cabeça e de máquina na mão.
Segundo esta a Ajuda de Berço gasta 1 000 000€ por ano para acolher 40 crianças. Pelas minhas contas rápidas dá 2083€ por criança/mês. Isto não é economicamente sustentável em lugar nenhum do mundo. De boas intenções está o inferno cheio... fazer caridade com o dinheiro (a rodo) dos outros é muito fácil, fácil demais. Todas as instituições têm que ser geridas com cabeça e coração.
Acho que os jornalistas devia investigar a fundo as contas desta instituição. Não é possível pedir dinheiro a privados e ao estado (ajudas estas pagas com os meus impostos) para depois se gerir duma forma absolutamente desrespeitosa para com os doadores.
O que daria eu aos meus 4 filhos se tivesse esse dinheiro disponível ( 4*2.083=11.332€)?
Segundo esta a Ajuda de Berço gasta 1 000 000€ por ano para acolher 40 crianças. Pelas minhas contas rápidas dá 2083€ por criança/mês. Isto não é economicamente sustentável em lugar nenhum do mundo. De boas intenções está o inferno cheio... fazer caridade com o dinheiro (a rodo) dos outros é muito fácil, fácil demais. Todas as instituições têm que ser geridas com cabeça e coração.
Acho que os jornalistas devia investigar a fundo as contas desta instituição. Não é possível pedir dinheiro a privados e ao estado (ajudas estas pagas com os meus impostos) para depois se gerir duma forma absolutamente desrespeitosa para com os doadores.
O que daria eu aos meus 4 filhos se tivesse esse dinheiro disponível ( 4*2.083=11.332€)?
05 outubro 2010
30 setembro 2010
Olhó nível!
Palavras de José Junqueiro, secretário de Estado, ex chefe da concelhia de Viseu do PS, sobre o deputado viseense, presidente da Assembleia Municipal eleito pelo PSD.
Com políticos deste nível vamos longe, vamos...
25 setembro 2010
13 setembro 2010
A colheita
Depois de férias, nada melhor que uma colheita farta.
Deu trabalho a semear e tratar mas o resultado vale a pena.
As amoras deram trabalho a apanhar, tenho as mãos todas picadas.
11 setembro 2010
08 setembro 2010
01 setembro 2010
18 agosto 2010
Fim de tarde
Chego a casa (vazia de filhos em férias fora) cansada do calor, do fumo persistente dos fogos que teimam em queimar-nos os pinhais e a paciência, e a costeleta, previamente grelhada , a pensar num almoço tardio, tinha sido alarvemente almoçada pelo felino cá de casa. A sacaninha deixou a dona sem almoço.
Revirei furiosa o frigorífico e ao ver as courgettes (ou será zuchini?)apanhadas na horta da aldeia durante o fim de semana, lembrei-me duma receita descoberta neste blog
Não tinha queijo de cabra, usei um resto de mozzarela e levei a gratinar.
Receita a repetir: saborosa, leve e combina bem com um vinho verde fresquinho.
Nota: todos os ingredientes são da nossa mini horta que este ano experimentámos na aldeia.
Revirei furiosa o frigorífico e ao ver as courgettes (ou será zuchini?)apanhadas na horta da aldeia durante o fim de semana, lembrei-me duma receita descoberta neste blog
Não tinha queijo de cabra, usei um resto de mozzarela e levei a gratinar.
Receita a repetir: saborosa, leve e combina bem com um vinho verde fresquinho.
Nota: todos os ingredientes são da nossa mini horta que este ano experimentámos na aldeia.
12 agosto 2010
Mantas
Tenho feito alguns trabalhos mas ando sem paciência para o blog, o meu e dos outros. Deve ser do calor e dos incêndios que cercam Viseu.
Manta para o ovo, à espera da pequena E.
Nova manta do Alex
20 julho 2010
Será?
A velhice não nos dá nenhuma sabedoria, simplesmente autoriza outras loucuras.
Mia Couto in A Varanda do Frangipani
Mia Couto in A Varanda do Frangipani
19 julho 2010
15 julho 2010
O estado das coisas
luz e sombras do Fontelo
Ontem na televisão e hoje de manhã no carro, ouço inúmeras opiniões nos painéis de ouvintes e telespectadores, sobre a situação da pátria. 99% acusa os políticos e dirigentes dos últimos 36 anos de tudo e mais alguma coisa. Ninguém refere a situação herdada do fascismo, de um terço do país da época nunca ter entrado numa escola, da falta de estradas, luz eléctrica, água canalizada ou assistência médica. Ninguém fala da mortalidade infantil.
Oh falta de memória!
Não fomos nós que elegemos estes políticos, agora tão vilipendiados? Não votámos sempre naqueles que mais prometeram? E não vale dizer que não votamos, deixar a escolha para os outros não resolve nada.
Não me sai da cabeça o ditado mais repetido pela minha avó materna: casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
13 julho 2010
Caminhando
São recantos destes que nos resfrescam o corpo e, essencialmente, a alma. Não entendo aqueles que preferem passar os poucos momentos de lazer encafuados em centros comerciais ou a disputarem um quadrado de areia numa praia apinhada.
09 julho 2010
18 junho 2010
De viagem
A filha do meio, em viagem com o pai por terras da Boémia, envia foto de obra em crochet. Talvez inspirada em Joana Vasconcelos?
14 junho 2010
De(pressa)
A feira foi cancelada por ameaça de chuva.
Dediquei o dia às colheitas. Ervas aromáticas a secar, morangos, dos meus jardins suspensos, docinhos a saborear.
manjericão e cebolinho
manjerona, orégãos e cidreira
11 junho 2010
04 junho 2010
31 maio 2010
28 maio 2010
Gordura não é formosura
Hoje sinto-me assim. Não é de hoje, já dura há uns tempitos.
Como diz a minha amiga Anna, cresci uns centímetros para o lado errado.
Hoje começa a dieta.
Fujam-me da frente!!!!
24 maio 2010
Mãos em movimento
20 maio 2010
Colete kimono
Acabado no domingo à noite, depois de dois meses a dar às agulhas pelas noites dentro. O modelo foi inspirado num da Rowan (não encontrei o link), o original tinha a gola no mesmo ponto do resto do colete,eu achei que ficaria melhor com um ponto rendado simples.
Não gosto muito, depois de vestido, do cair das cavas, que são feitas a direito. Num futuro projecto/colete farei as cavas com remates idênticos às mangas.
Usei fio da Brancal e agulhas 3,5.
19 maio 2010
12
Pois é, a nossa força da natureza faz 12 anos. A terrível idade do armário está aí...vou esperar que passe.
Parabéns filhota linda!
17 maio 2010
12 maio 2010
Livros
Nestes cinco anos de blog tenho aqui falado de tudo, assuntos banais, do meu dia a dia, do meu espanto permanente pela vida. Das coisas importantes, das embirrações e das paixões da minha vida.
De livros tenho falado pouco embora a leitura seja uma das minhas paixões. Sou leitora compulsiva, leio tudo, até as bulas de medicamentos. Uso carteiras grandes porque tenha lá sempre um livro e um caderninho. Tenho sempre vários livros em leitura- um ou dois na mesinha de cabeceira, outro na carteira, outro na cozinha. Leio em qualquer lugar, do WC à cadeira do dentista, se me deixar em espera.
Compro (ai o rombo no orçamento), peço emprestado, de bibliotecas (a de Viseu é bem fraquinha) e perco-me em alfarrabistas. Marcha tudo, até os policiais a que faltam folhas. No estrangeiro tenho preferência por traduções de autores portugueses, assim adquiri Os Lusíadas, um Aquilino e dois Namora.
Vem isto a propósito dum livro velhinho -edição de 1959, que tenho há bastantes anos e de que gosto bastante. Contos ciganos recolhidos na Boémia nos anos 50. Segundo a autora - Marie Voříšková, os ciganos não contam histórias às crianças em particular mas sentam famílias inteiras e contam histórias antigas.
Foram estas histórias orais que ela compilou e editou em livro dando-lhe o título Histórias Ciganas.
Em tradução não muito cuidada deixo aqui a primeira deste livro de quinze histórias.
Histórias Ciganas
A criação do mundo ou como os ciganos perderam a sua pátria
Quando Deus criou o mundo - tão simples como uma criança sopra uma bola de sabão, não criou só um. Como o sete é o número divino, soprou sete balões celestiais.
Depois colocou estes sete mundos em fila, uns em cima dos outros, como andares dum prédio, separou-os entre si com abóbadas celestiais e amparou-os com montanhas altíssimas, para não caírem.
Estes mundos acabados de criar estavam ainda inacabados. Tudo neles era vivo, mexia crescia, até as pedras e as montanhas.E assim aconteceu que uma grande montanha, sobre a qual assentava uma abóbada celestial, continuou a crescer , devagar mas sem parar, até furar a abóbada.
Passado um tempo Deus deu conta que a sua abóbada tinha uns furitos aqui e ali, e apercebeu-se que precisava de reparações mas como eram tempos intensos de criação dos seres vivos - animais e plantas, não tinha mãos a medir e foi adiando a reparação dos buracos da sua abóbada celestial.
O primeiro destes mundos, o que ficou mais abaixo, foi o mais conseguido por Deus nosso senhor. Calhou ser aquele o nosso mundo. Deus gostou tanto dele que decidiu instalar-se no céu por cima dele. Por isso fez o céu sobre o nosso mundo baixo, para não Lhe ficar longe nas suas idas e vindas constantes cá baixo para ver como tudo florescia e crescia alegremente.
Naquele tempo o céu sobre a Terra estava tão baixo, que bastava esticar o braço para se tocar nas nuvens. As rochas e penedos eram tão macios que as pessoas, embora andassem descalças, não magoavam os pés. Todos os povos eram ricos e tinham terras.
Deus deu a cada povo uma pátria. Os ciganos tinham a sua pátria que era linda e rica. A terra era fértil e tudo nela crescia abundantemente não sendo preciso trabalhar muito. Embora fosse necessário , aqui e ali, meter a mão na massa e os ciganos gostassem muito de mandriar. Não lhes apetecia fazer nem aquele pouquinho necessário. O Nosso Senhor ficava muito triste com isso e frequentemente, a quando das Suas descidas à terra, ralhava-lhes:
„Sois tão preguiçosos“ dizia-lhes, „que nem vos lavais! Olhem bem para vocês como estão sujos.“
„Isto não é sujidade,“ desculpavam-se os ciganos, „é a pele escura que nos destes.“
„Vão ao rio lavar-se e ficarão bem mais claros!“ aconselhava Deus. Mas os ciganos não foram lavar-se e quando a sujidade formou crostas que provocaram comichão até para se coçar tiveram preguiça.
Quando Deus viu tamanha moleza zangou-se e, para os castigar, criou as moscas, melgas e mosquitos.”Isto vai obrigá-los a levantar o braço para se coçarem e enxotar os insectos!” pensou.
Ajudou um pouco, mas não muito. Os ciganos continuaram a mandriar.
Num daqueles dias em que Deus desceu à terra para observar a Sua criação, encontrou uma cigana meio nua deitada debaixo duma figueira, com o filho pequeno. Ao ouvir passos a mulher levantou lentamente a cabeça para ver quem passava e, ao ver quem era, cumprimentou o Senhor mas não se levantou.
Aborrecido e de sobrancelhas franzidas seguiu adiante sem nada dizer até sentir um cheiro intenso. Volta atrás e repara na criança toda borrada. Pára e vocifera: “Não podes limpar um pouco esse menino? Não vês o que aconteceu?”
A cigana respondeu-lhe a rir. “Isto não é nada, está sempre a acontecer, já está habituado. Não posso estar sempre de plantão a limpá-lo.”
“Limpa imediatamente essa criança!” gritou Deus. “É uma vergonha, uma mãe deixar o seu próprio filho nesta imundice!”
A cigana levantou-se de má vontade e procurou algo com que pudesse limpar o miúdo. As folhas da figueira estavam muito altas, seria preciso saltar ou trepar e isso era um esforço grande. Então reparou numa nuvem muito branquinha a deslizar suavemente no céu baixinho, mesmo por cima da sua cabeça. Parecia mesmo uma fralda. A cigana levantou a mão, rasgou um pedaço de nuvem e limpou com ela o rabo do miúdo.
O nosso Senhor Deus nem queria acreditar no que via e gritou enraivecido:
“Seus preguiçosos, é assim que vocês ciganos usam as minhas nuvens? Como ficaria o céu se toda a gente fizesse o mesmo? E se encostar o meu manto divino a uma nuvem dessas? Estou farto de vós! Saiam daqui e vão vaguear pelo mundo até aprenderem a trabalhar e a respeitar o trabalho dos outros!”
E foi graças àquela cigana preguiçosa, que os ciganos perderam a sua pátria. Deus expulsou-os da terra que lhes tinha dado e deu-a a outro povo. E como toda a terra já estava atribuída, os ciganos foram obrigados a andar de terra em terra à procura dum lugar de onde ninguém os expulsasse. Uma terra sem dono.
Muitos ainda hoje a procuram.
Cikánské pohádky – Marie Voříšková
editora Mladá Fronta – 1959
De livros tenho falado pouco embora a leitura seja uma das minhas paixões. Sou leitora compulsiva, leio tudo, até as bulas de medicamentos. Uso carteiras grandes porque tenha lá sempre um livro e um caderninho. Tenho sempre vários livros em leitura- um ou dois na mesinha de cabeceira, outro na carteira, outro na cozinha. Leio em qualquer lugar, do WC à cadeira do dentista, se me deixar em espera.
Compro (ai o rombo no orçamento), peço emprestado, de bibliotecas (a de Viseu é bem fraquinha) e perco-me em alfarrabistas. Marcha tudo, até os policiais a que faltam folhas. No estrangeiro tenho preferência por traduções de autores portugueses, assim adquiri Os Lusíadas, um Aquilino e dois Namora.
Vem isto a propósito dum livro velhinho -edição de 1959, que tenho há bastantes anos e de que gosto bastante. Contos ciganos recolhidos na Boémia nos anos 50. Segundo a autora - Marie Voříšková, os ciganos não contam histórias às crianças em particular mas sentam famílias inteiras e contam histórias antigas.
Foram estas histórias orais que ela compilou e editou em livro dando-lhe o título Histórias Ciganas.
Em tradução não muito cuidada deixo aqui a primeira deste livro de quinze histórias.
Histórias Ciganas
A criação do mundo ou como os ciganos perderam a sua pátria
Quando Deus criou o mundo - tão simples como uma criança sopra uma bola de sabão, não criou só um. Como o sete é o número divino, soprou sete balões celestiais.
Depois colocou estes sete mundos em fila, uns em cima dos outros, como andares dum prédio, separou-os entre si com abóbadas celestiais e amparou-os com montanhas altíssimas, para não caírem.
Estes mundos acabados de criar estavam ainda inacabados. Tudo neles era vivo, mexia crescia, até as pedras e as montanhas.E assim aconteceu que uma grande montanha, sobre a qual assentava uma abóbada celestial, continuou a crescer , devagar mas sem parar, até furar a abóbada.
Passado um tempo Deus deu conta que a sua abóbada tinha uns furitos aqui e ali, e apercebeu-se que precisava de reparações mas como eram tempos intensos de criação dos seres vivos - animais e plantas, não tinha mãos a medir e foi adiando a reparação dos buracos da sua abóbada celestial.
O primeiro destes mundos, o que ficou mais abaixo, foi o mais conseguido por Deus nosso senhor. Calhou ser aquele o nosso mundo. Deus gostou tanto dele que decidiu instalar-se no céu por cima dele. Por isso fez o céu sobre o nosso mundo baixo, para não Lhe ficar longe nas suas idas e vindas constantes cá baixo para ver como tudo florescia e crescia alegremente.
Naquele tempo o céu sobre a Terra estava tão baixo, que bastava esticar o braço para se tocar nas nuvens. As rochas e penedos eram tão macios que as pessoas, embora andassem descalças, não magoavam os pés. Todos os povos eram ricos e tinham terras.
Deus deu a cada povo uma pátria. Os ciganos tinham a sua pátria que era linda e rica. A terra era fértil e tudo nela crescia abundantemente não sendo preciso trabalhar muito. Embora fosse necessário , aqui e ali, meter a mão na massa e os ciganos gostassem muito de mandriar. Não lhes apetecia fazer nem aquele pouquinho necessário. O Nosso Senhor ficava muito triste com isso e frequentemente, a quando das Suas descidas à terra, ralhava-lhes:
„Sois tão preguiçosos“ dizia-lhes, „que nem vos lavais! Olhem bem para vocês como estão sujos.“
„Isto não é sujidade,“ desculpavam-se os ciganos, „é a pele escura que nos destes.“
„Vão ao rio lavar-se e ficarão bem mais claros!“ aconselhava Deus. Mas os ciganos não foram lavar-se e quando a sujidade formou crostas que provocaram comichão até para se coçar tiveram preguiça.
Quando Deus viu tamanha moleza zangou-se e, para os castigar, criou as moscas, melgas e mosquitos.”Isto vai obrigá-los a levantar o braço para se coçarem e enxotar os insectos!” pensou.
Ajudou um pouco, mas não muito. Os ciganos continuaram a mandriar.
Num daqueles dias em que Deus desceu à terra para observar a Sua criação, encontrou uma cigana meio nua deitada debaixo duma figueira, com o filho pequeno. Ao ouvir passos a mulher levantou lentamente a cabeça para ver quem passava e, ao ver quem era, cumprimentou o Senhor mas não se levantou.
Aborrecido e de sobrancelhas franzidas seguiu adiante sem nada dizer até sentir um cheiro intenso. Volta atrás e repara na criança toda borrada. Pára e vocifera: “Não podes limpar um pouco esse menino? Não vês o que aconteceu?”
A cigana respondeu-lhe a rir. “Isto não é nada, está sempre a acontecer, já está habituado. Não posso estar sempre de plantão a limpá-lo.”
“Limpa imediatamente essa criança!” gritou Deus. “É uma vergonha, uma mãe deixar o seu próprio filho nesta imundice!”
A cigana levantou-se de má vontade e procurou algo com que pudesse limpar o miúdo. As folhas da figueira estavam muito altas, seria preciso saltar ou trepar e isso era um esforço grande. Então reparou numa nuvem muito branquinha a deslizar suavemente no céu baixinho, mesmo por cima da sua cabeça. Parecia mesmo uma fralda. A cigana levantou a mão, rasgou um pedaço de nuvem e limpou com ela o rabo do miúdo.
O nosso Senhor Deus nem queria acreditar no que via e gritou enraivecido:
“Seus preguiçosos, é assim que vocês ciganos usam as minhas nuvens? Como ficaria o céu se toda a gente fizesse o mesmo? E se encostar o meu manto divino a uma nuvem dessas? Estou farto de vós! Saiam daqui e vão vaguear pelo mundo até aprenderem a trabalhar e a respeitar o trabalho dos outros!”
E foi graças àquela cigana preguiçosa, que os ciganos perderam a sua pátria. Deus expulsou-os da terra que lhes tinha dado e deu-a a outro povo. E como toda a terra já estava atribuída, os ciganos foram obrigados a andar de terra em terra à procura dum lugar de onde ninguém os expulsasse. Uma terra sem dono.
Muitos ainda hoje a procuram.
Cikánské pohádky – Marie Voříšková
editora Mladá Fronta – 1959
Ser frugal (continuação)
Ainda na onda do post anterior:
Ninguém precisa realmente duma nova universidade em Portugal, seja em Viseu, Lisboa ou em Freixo de Espada à Cinta, como ninguém precisa duma nova auto-estrada.
Em contraste vale a pena ler/ver a Helena e registar o que realmente pode fazer a diferença no outro lado do mundo.
Ninguém precisa realmente duma nova universidade em Portugal, seja em Viseu, Lisboa ou em Freixo de Espada à Cinta, como ninguém precisa duma nova auto-estrada.
Em contraste vale a pena ler/ver a Helena e registar o que realmente pode fazer a diferença no outro lado do mundo.
10 maio 2010
Isto vai...
daqui, com o devido respeito
O Benfica é campeão,o papa vem abençoar-nos, segue-se o campeonato do mundo, depois são as férias de verão seguidas das presidenciais.
07 maio 2010
Ser frugal *
foto surripiada da net e sem origem identificável
Não podiam ser um pouquito mais específicos?
Nem uma palavra sobre anti-consumismo, o não poluir, nada de nada. Juntam-lhe reportagem duma grande superfície onde o gerente afirma que os plasmas (bons e caros) estão em alta.
Comprar plasmas é ser neofrugal?
Poupem os meus dois neurónios de serviço.
Frugalismo,com neo ou sem ele,tanto quanto sei, não é nada disso.
É a maneira consciente de estar no mundo: poupar recursos, consumir o mínimo, não sujar.
Os povos do norte da Europa praticam-no há muito. Já os nossos avós se regiam pela mesma sabedoria ancestral: no poupar é que está o ganho ou viver de acordo com as possibilidades.
Ninguém precisa realmente de 347 pares de sapatos, 126 calças, 3 telemóveis, trocar de carro todos os anos nem de o levar até à sala, comer uvas em Janeiro, vindas directamente do Chile ou Nova Zelândia, tomar o pequenpo almoço no café da esquina.
*sóbrio, comedido, moderado,contido .
05 maio 2010
Dia D
cobra gozando o sol primaveril fotografada na caminhada do pai e filhos pequenos enquanto a mãe ficou a curar a gripe
Ontem, ao perguntar a uma colega da T. se já tinha estudado para as provas, levei com uma resposta que me deixou os cabelinhos todos em pé. Dizia a petiza que essas notas não contavam para nada, portanto... sem stress.
Serei só eu que vejo o saber e o aprender a ser pouco ou nada valorizado pelas crianças e jovens? Isto não preocupa ninguém? Pais, escola, país?
29 abril 2010
Crise, qual crise?
Portugal em peso prepara-se para um banho de fé.
O Portugal político, municipal e de estado prepara-se para esbanjar milhares de €€€'s na visita dum chefe de estado/igreja em troco duma massagem espiritual ao ego mirrado desta nação sem rumo definido.
É tolerável e justificável que o país, em crise económico profunda, pare mais de um dia, subjugado a uma religião? Religião que, embora maioritária, é uma crença e como tal do foro pessoal, individual e não questão de estado?
O Rui (d)escreveu exactamente o mesmo sentimento papal.
O Portugal político, municipal e de estado prepara-se para esbanjar milhares de €€€'s na visita dum chefe de estado/igreja em troco duma massagem espiritual ao ego mirrado desta nação sem rumo definido.
É tolerável e justificável que o país, em crise económico profunda, pare mais de um dia, subjugado a uma religião? Religião que, embora maioritária, é uma crença e como tal do foro pessoal, individual e não questão de estado?
O Rui (d)escreveu exactamente o mesmo sentimento papal.
20 abril 2010
Colar
A Teresa gostou do fio (algodão, comprado com a Mónica durante o nosso curto passeio por Viseu) e queria um colar. Montei cca de 200 malhas em agulhas circulares nº 6, fiz três carreiras e rematei, juntei uma folha existente cá em casa em filigrana de prata. Eu gosto e uso, a filha quer outro com missangas. Siga.
18 abril 2010
Domingo no museu
A chuva insiste em fazer cumprir à letra o ditado "Abril águas mil" o que impossibilita os percursos pela natureza.
Troca-se por um percurso pelo Museu Grão Vasco e redescobrimos os Columbanos, Malhoas, Grão-vascos e deslumbramo-nos na exposição da colecção Millenium. Esta muito bem acompanhada por um livro "À descoberta de... uma colecção de pintura" onde as pinturas da exposição são explicadas às crianças.
Muito bom.
A não perder, está em Viseu até 25de Abril
Muito bom.
A não perder, está em Viseu até 25de Abril
16 abril 2010
Eyjafjallajökull
Se nós pedirmos por favor, não dava para levar o 1º e ficarem lá os dois? Muito tempo?!
aeroporto de Praga daqui
13 abril 2010
Percurso pedestre I
Iniciámos no Domingo (11/4) a época dos passeios pedestres. À semelhança de anos anteriores, pouco planeamento mas muita vontade de conhecer recantos da região onde não se passa todos os dias. A alegre companhia de amigos, mochila, sapatilhas e boa disposição. 9 km de sobe e desce, riachos, caminhos alagados, pinhais, prados verdes, espigueiros e eiras comunitárias, o maciço rochoso da Santa Eufêmia, flores primaveris.
Decidimos (de boas intenções está o dito cheio) fazer, este ano, todas as rotas de Viseu. O ano passado fizemos (2 pais+2 filhotes pequenos) o PR2, PR3 e PR4, este ano vamos calcorrear as restantes e maisdoutros concelhos limítrofes.
Quem quiser juntar-se a nós é só enviar mail
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