22 dezembro 2010

A propósito do ensino privado

Madrassas




Confesso a minha ingenuidade: acreditava que o ensino privado era... privado. Descobri estupefacto que o Estado  —  ou seja, os contribuintes, nós todos  —  financia o ensino privado à razão de 120 mil euros por turma. O custo do ensino público ronda os 80 mil euros por turma. Ao todo, 93 escolas privadas vivem à custa do Estado, ou seja, dos contribuintes, nós todos. Não é extraordinário?


Bem pode a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo dar pinotes, ameaçando despedir, a partir de Janeiro, 30 professores e 7 funcionários por escola. Nos termos do OE 2011, o governo aprovou (no mês passado) o diploma que altera o modelo de financiamento do ensino privado. Nem outra coisa seria de esperar.


É-me indiferente que sejam, predominantemente, escolas católicas. Até podiam ser satânicas. Não gosto de nenhuma espécie de madrassa.

Nunca entendi a utilidade pública dos colégios privados de Viseu serem pagos pelos meus impostos, se a direcção dos respectivos colégios escolhem os alunos e os professores, sem ter em conta qualquer interesse público.

5 comentários:

a d´almeida nunes disse...

Esta questão não é assim tão linear como alguns a estão a pintar.

1- Já ficou demonstrado que o Custo para o erário público, por aluno, não é superior ao do Ensino Público;
2- Convém distinguir os estabelecimentos de ensino privados e pagos pelos pais dos alunos dos que têm contrato de associação com o Estado porque se estão a substituir à Escola Pública; logo são de interesse público, tanto mais que nem sequer há selecção dos alunos tendo em conta os rendimentos e estatuto social dos seus progenitores.
São Escolas com gestão privada que se estão a substituir no investimento e na prestação de um serviço de relevante interesse social, ao próprio Estado. Portanto, para quê o Estado estar a desbaratar recursos já existentes?
3- Custa-me compreender tamanha repulsa para com o Ensino Privado.

Além do mais, não é num golpe de mágica que se resolve esta questão, que envolve algumas dezenas de milhares de postos de trabalho e uma grande instabilidade no ensino de muitos milhares de estudantes e da vida de muitas famílias.

Votos de Bom Natal

Isabel disse...

Eva, não conheço a relaidade de Viseu e acho que como em tudo há casos e casos. Já não falo do colégio dos meus filhos, que embora tenha ofertas que não se encontram no ensino público (por exemplo os miudos têm uma disciplina de latim a partir do 7 º ano e outra relacionada a partir do 5ª ano) mas onde a maioria dos pais tem capacidade de pagar integralmente o ensino. Mas nos subúrbios de Coimbra há algumas instituições com contracto de associação que têm um papel social muito importante e onde a grande maioria dos pais não poderiam pagar o ensino. Outro exemplo, aqui em Coimbra há um colégio com contrato de associação e que é a única escola para além do conservatório a oferecer ensino integrado da música. O conservatório e as escolas adjacentes não têm qualquer possibilidade de absorver esses alunos.

Também não vou entrar na guerra dos números porque também ainda não percebi quais são. Mas como diz o comentador anterior uma machadada nestes contractos iria levar agora a problemas sociais muito complicados dos quais as principais vítimas seriam as crianças.

Há-de haver dinheiros públicos muito mais mal gastos.

Boas festas

Isabel disse...

e já agora o título madrassas (que já vem do blog citado) é muito mal aplicado e injusto. Leva para fundamentalismos religiosos que nunca vi em nenhum colégio católico em Portugal. No colégio que referi e que tem ensino da música, e numa reportagem do "Público" um pai muçulmano salientava o bem que o seu filho tinha sido acolhido.

Eva Lima disse...

As Nunes e Isabel,
como em tudo neste mundo (neste nosso país ainda mais) há casos e casos, os 2 casos que conheço em Viseu faz-me duvidar muito da "boa vontade" do ensino privado i.e. estão inseridos na cidade, onde existe oferta suficiente de ensino público, escolhem os alunos por critérios muito mal explicados (na prática resume-se a ser um "bom" católico e/ou ter pais bem colocados na sociedade local), e os professores, grosso modo, a mesma coisa - "bons" católicos e acumulam funções com o ensino público.
Não quero financiar ensino deste tipo.

Anónimo disse...

Quem quer estudar em colégios,que pague.A maioria dos colégio da Região de Lisboa,os alunos pagam e é se querem.A maioria sao colégios católicos e "esfolam bem os pais.Estes,porém têm dinheiro.Mas nao entra quem quer,mesmo com dinheiro,são selecionados.E Viseu,o Colégio da Imaculada da Conceiçao,é pagp pelos pais,porque assim quiseram as freiras,também tiveram convénio com o Estado,mas desistiram,ficaram só com bétinhos.O colégio da Via-Sacra,continua a receber do Estado.