09 novembro 2005

De pequenino se torce...

Na escolinha do Alexandre há dois meninos bastante violentos. Um tem três (3!) anos, o outro cinco.
O meu piolho começou por dizer: "o Jorgi é mau, dá tau-tau no Alex", no dia seguinte pegou num pau e disse que era para dar tau-tau no Jorgi.
Perguntei às educadoras e fiquei de queixo caído com a resposta. Sim é verdade, o Jorge bate em toda a gente: nos meninos, nas funcionárias e educadoras, quando lhe ralham diz que vai dizer ao pai. Nunca o conseguem sentar ou convencê-lo a participar nas actividades.Quando colocaram a questão à mãe ela disse que em casa também é assim e riu-se.
Hoje quando o levei ao infantário encontrei-me com a tal mãe a levar o "famoso" filho e pus a questão em frente da educadora e duma funcionária: "então tu é que és o Jorge, o Alexandre queixa-se que tu lhe bates?!" - Resposta pronta da mãe: "Pois, ele é muito activo!"
Trocámos olhares incrédulos com as educadoras. A educadora mais velha foi mais rápida a reagir informando a mãe que já tinha dado autorização aos meninos para se defenderem das agressões.
"Façam com entenderem" resmungou com ar ofendido e virou costas.


Ouço frequentemente às minhas amigas professoras que os miúdos estão cada vez mais mal educados e violentos. Entre eles e com os adultos.


Cada vez me parece mais que estamos a educar uma geração de ditadores. A geração dos filhos únicos, prepotentes, controladores. Interrogo-me sobre o porquê e, muito sinceramente, creio que a culpa é nossa, dos pais, das mães. Somos desculpadores, permissivos, vivemos em função da criança (muitas vezes única e tão desejada) e anulamo-nos como seres adultos conscientes. Tornámo-nos crianço-dependentes.
Desculpamo-nos com o trabalho excessivo e falta de tempo para fugirmos à nossa responsabilidade fundamental: educar os nossos filhos para a responsabilidade, para viver com os outros e não por cima dos outros.

Dizer NÃO pode ser a maior prova de amor.

11 comentários:

Anna^ disse...

Hoje em dia gera-se uma certa confusão entre o ser demasiado permissivo com o ser um pai(mãe)porreiro.E daí a má educação q muitas crianças/adolescentes demonstram,habituados a serem controladores e não controlados,a serem chantagistas e não chantageados e por aí fora...
Abra-se uma escola tb para os adultos onde se ensine q a frase"A nossa liberdade termina onde começa a dos outros",não deve ser uma frase em desuso!

bjokas e gostei deste post e de te ver "mexer" ;)))))

Fica bem!!

sm disse...

Concordo plenamente, se bem que esta seja a opção mais difícil a curto prazo, acho sempre que é a preferível, porque a longo prazo esta é a solução mais fácil para eles e para nós. Pelo menos é o eu digo a maior parte das vezes para me convencer a mim própria e que dá trabalho, dá!!

Irrita-me imenso aqueles paizinhos que quando a educadora lhes diz: Pai, o menino x mordeu o menino y, tem que falar com ele, não pode ser assim... e o pai a rir responde: Eu sei, eu sei, ele lá em casa também é assim!!!

Com pais assim...

:(
Sandra

Carla O. disse...

Mais uma vez "na mouche"! E acho que tens razão Eva. Muitas vezes o meu alarme toca quando por cansaço permito uma ou outra coisa... Mas se há coisa que quero deixar bem presente nos meus piscos é o respeito: pelos outros (a começar nos pais) e por eles.
Hoje em dia acha-se muita piada a determinadas coisas dos meninos apenas porque sim, ou pq é engraçado...
Beijo grande,
Carla e piscos

(PS - Eu vou bem :). Agora estou novamente de cirurgia marcada. Obrigada :))

AnaBond disse...

disseste tudo na última frase.

também a mim me faz confusão... e o meu filho é tão calminho. até demais, pois permite tudo, não se sabe defender (e com isto não quero dizer que quero que ele bata, apenas defenda).

e sou a primeira a dizer a primeira falha é dos pais... detesto aqueles que culpam logo as escolas e os professores...
só aí se mostra como tão mal estamos informados.

carla disse...

Assino por baixo, devido a existir um menino assim lá na escolinha é que o meu filho o ano passado teve o acidente que teve e a mãe passado uns dias disse-me: "Sabe ele é assim já nem sei o que fazer"

Arghhhh

Beijocas

Fitinha Azul disse...

São situações muito complicadas porque se em casa eles têm toda a permissão do mundo, depois na escola fazem ainda pior porque se não respeitam os pais pior fazem às educadoras/auxiliares/colegas. A tua última frase disse tudo!
Beijinhos

Anna^ disse...

Eva,
Bom S.Martinho e óptimo fds :)

bjokas ":o)

Conceição Paulino disse...

sobre a tua conclusão: oh se pode! mas no k relatas penso k a palavra chave (expressa) será "activo", e a n/ expressa: vencedor. Erradas ideias do k é ser um vencedor na vida. Claro k da parte dos educadores (pais em 1º lugar e por aí fora - se omenino bate em toda a agentem adultos incluídos, desculpa mas o k fazerm as educadoras? Passam a responsabilidade de se defenderem p/ as outras crianças e não educam...penso eu de k....) boa semana. Bjs de luz e paz :)

Raquel Vasconcelos disse...

Há muitas gerações que se diz q os miúdos estão cada vez piores...
Ora o mundo n tem andado p melhor... e agora os dois pais trabalham fora.
E os miúdos passam pelos infantários, avós, pais... cada local com as suas regras. Acho que muitos decidem criar regras pessoais.

Raquel Vasconcelos disse...

PS: Uma beijoca grande!!!

Elô Bueno disse...

Muito certa sua colocação. Hoje não se pode mais dizer não a crianças...Mas se deveria... Sou educadora em uma escola no Brasil etenho visto alguns casos parecidos com este. É uma pena... Um abraço