31 maio 2010
28 maio 2010
Gordura não é formosura
Hoje sinto-me assim. Não é de hoje, já dura há uns tempitos.
Como diz a minha amiga Anna, cresci uns centímetros para o lado errado.
Hoje começa a dieta.
Fujam-me da frente!!!!
24 maio 2010
Mãos em movimento
20 maio 2010
Colete kimono
Acabado no domingo à noite, depois de dois meses a dar às agulhas pelas noites dentro. O modelo foi inspirado num da Rowan (não encontrei o link), o original tinha a gola no mesmo ponto do resto do colete,eu achei que ficaria melhor com um ponto rendado simples.
Não gosto muito, depois de vestido, do cair das cavas, que são feitas a direito. Num futuro projecto/colete farei as cavas com remates idênticos às mangas.
Usei fio da Brancal e agulhas 3,5.
19 maio 2010
12
Pois é, a nossa força da natureza faz 12 anos. A terrível idade do armário está aí...vou esperar que passe.
Parabéns filhota linda!
17 maio 2010
12 maio 2010
Livros
Nestes cinco anos de blog tenho aqui falado de tudo, assuntos banais, do meu dia a dia, do meu espanto permanente pela vida. Das coisas importantes, das embirrações e das paixões da minha vida.
De livros tenho falado pouco embora a leitura seja uma das minhas paixões. Sou leitora compulsiva, leio tudo, até as bulas de medicamentos. Uso carteiras grandes porque tenha lá sempre um livro e um caderninho. Tenho sempre vários livros em leitura- um ou dois na mesinha de cabeceira, outro na carteira, outro na cozinha. Leio em qualquer lugar, do WC à cadeira do dentista, se me deixar em espera.
Compro (ai o rombo no orçamento), peço emprestado, de bibliotecas (a de Viseu é bem fraquinha) e perco-me em alfarrabistas. Marcha tudo, até os policiais a que faltam folhas. No estrangeiro tenho preferência por traduções de autores portugueses, assim adquiri Os Lusíadas, um Aquilino e dois Namora.
Vem isto a propósito dum livro velhinho -edição de 1959, que tenho há bastantes anos e de que gosto bastante. Contos ciganos recolhidos na Boémia nos anos 50. Segundo a autora - Marie Voříšková, os ciganos não contam histórias às crianças em particular mas sentam famílias inteiras e contam histórias antigas.
Foram estas histórias orais que ela compilou e editou em livro dando-lhe o título Histórias Ciganas.
Em tradução não muito cuidada deixo aqui a primeira deste livro de quinze histórias.
Histórias Ciganas
A criação do mundo ou como os ciganos perderam a sua pátria
Quando Deus criou o mundo - tão simples como uma criança sopra uma bola de sabão, não criou só um. Como o sete é o número divino, soprou sete balões celestiais.
Depois colocou estes sete mundos em fila, uns em cima dos outros, como andares dum prédio, separou-os entre si com abóbadas celestiais e amparou-os com montanhas altíssimas, para não caírem.
Estes mundos acabados de criar estavam ainda inacabados. Tudo neles era vivo, mexia crescia, até as pedras e as montanhas.E assim aconteceu que uma grande montanha, sobre a qual assentava uma abóbada celestial, continuou a crescer , devagar mas sem parar, até furar a abóbada.
Passado um tempo Deus deu conta que a sua abóbada tinha uns furitos aqui e ali, e apercebeu-se que precisava de reparações mas como eram tempos intensos de criação dos seres vivos - animais e plantas, não tinha mãos a medir e foi adiando a reparação dos buracos da sua abóbada celestial.
O primeiro destes mundos, o que ficou mais abaixo, foi o mais conseguido por Deus nosso senhor. Calhou ser aquele o nosso mundo. Deus gostou tanto dele que decidiu instalar-se no céu por cima dele. Por isso fez o céu sobre o nosso mundo baixo, para não Lhe ficar longe nas suas idas e vindas constantes cá baixo para ver como tudo florescia e crescia alegremente.
Naquele tempo o céu sobre a Terra estava tão baixo, que bastava esticar o braço para se tocar nas nuvens. As rochas e penedos eram tão macios que as pessoas, embora andassem descalças, não magoavam os pés. Todos os povos eram ricos e tinham terras.
Deus deu a cada povo uma pátria. Os ciganos tinham a sua pátria que era linda e rica. A terra era fértil e tudo nela crescia abundantemente não sendo preciso trabalhar muito. Embora fosse necessário , aqui e ali, meter a mão na massa e os ciganos gostassem muito de mandriar. Não lhes apetecia fazer nem aquele pouquinho necessário. O Nosso Senhor ficava muito triste com isso e frequentemente, a quando das Suas descidas à terra, ralhava-lhes:
„Sois tão preguiçosos“ dizia-lhes, „que nem vos lavais! Olhem bem para vocês como estão sujos.“
„Isto não é sujidade,“ desculpavam-se os ciganos, „é a pele escura que nos destes.“
„Vão ao rio lavar-se e ficarão bem mais claros!“ aconselhava Deus. Mas os ciganos não foram lavar-se e quando a sujidade formou crostas que provocaram comichão até para se coçar tiveram preguiça.
Quando Deus viu tamanha moleza zangou-se e, para os castigar, criou as moscas, melgas e mosquitos.”Isto vai obrigá-los a levantar o braço para se coçarem e enxotar os insectos!” pensou.
Ajudou um pouco, mas não muito. Os ciganos continuaram a mandriar.
Num daqueles dias em que Deus desceu à terra para observar a Sua criação, encontrou uma cigana meio nua deitada debaixo duma figueira, com o filho pequeno. Ao ouvir passos a mulher levantou lentamente a cabeça para ver quem passava e, ao ver quem era, cumprimentou o Senhor mas não se levantou.
Aborrecido e de sobrancelhas franzidas seguiu adiante sem nada dizer até sentir um cheiro intenso. Volta atrás e repara na criança toda borrada. Pára e vocifera: “Não podes limpar um pouco esse menino? Não vês o que aconteceu?”
A cigana respondeu-lhe a rir. “Isto não é nada, está sempre a acontecer, já está habituado. Não posso estar sempre de plantão a limpá-lo.”
“Limpa imediatamente essa criança!” gritou Deus. “É uma vergonha, uma mãe deixar o seu próprio filho nesta imundice!”
A cigana levantou-se de má vontade e procurou algo com que pudesse limpar o miúdo. As folhas da figueira estavam muito altas, seria preciso saltar ou trepar e isso era um esforço grande. Então reparou numa nuvem muito branquinha a deslizar suavemente no céu baixinho, mesmo por cima da sua cabeça. Parecia mesmo uma fralda. A cigana levantou a mão, rasgou um pedaço de nuvem e limpou com ela o rabo do miúdo.
O nosso Senhor Deus nem queria acreditar no que via e gritou enraivecido:
“Seus preguiçosos, é assim que vocês ciganos usam as minhas nuvens? Como ficaria o céu se toda a gente fizesse o mesmo? E se encostar o meu manto divino a uma nuvem dessas? Estou farto de vós! Saiam daqui e vão vaguear pelo mundo até aprenderem a trabalhar e a respeitar o trabalho dos outros!”
E foi graças àquela cigana preguiçosa, que os ciganos perderam a sua pátria. Deus expulsou-os da terra que lhes tinha dado e deu-a a outro povo. E como toda a terra já estava atribuída, os ciganos foram obrigados a andar de terra em terra à procura dum lugar de onde ninguém os expulsasse. Uma terra sem dono.
Muitos ainda hoje a procuram.
Cikánské pohádky – Marie Voříšková
editora Mladá Fronta – 1959
De livros tenho falado pouco embora a leitura seja uma das minhas paixões. Sou leitora compulsiva, leio tudo, até as bulas de medicamentos. Uso carteiras grandes porque tenha lá sempre um livro e um caderninho. Tenho sempre vários livros em leitura- um ou dois na mesinha de cabeceira, outro na carteira, outro na cozinha. Leio em qualquer lugar, do WC à cadeira do dentista, se me deixar em espera.
Compro (ai o rombo no orçamento), peço emprestado, de bibliotecas (a de Viseu é bem fraquinha) e perco-me em alfarrabistas. Marcha tudo, até os policiais a que faltam folhas. No estrangeiro tenho preferência por traduções de autores portugueses, assim adquiri Os Lusíadas, um Aquilino e dois Namora.
Vem isto a propósito dum livro velhinho -edição de 1959, que tenho há bastantes anos e de que gosto bastante. Contos ciganos recolhidos na Boémia nos anos 50. Segundo a autora - Marie Voříšková, os ciganos não contam histórias às crianças em particular mas sentam famílias inteiras e contam histórias antigas.
Foram estas histórias orais que ela compilou e editou em livro dando-lhe o título Histórias Ciganas.
Em tradução não muito cuidada deixo aqui a primeira deste livro de quinze histórias.
Histórias Ciganas
A criação do mundo ou como os ciganos perderam a sua pátria
Quando Deus criou o mundo - tão simples como uma criança sopra uma bola de sabão, não criou só um. Como o sete é o número divino, soprou sete balões celestiais.
Depois colocou estes sete mundos em fila, uns em cima dos outros, como andares dum prédio, separou-os entre si com abóbadas celestiais e amparou-os com montanhas altíssimas, para não caírem.
Estes mundos acabados de criar estavam ainda inacabados. Tudo neles era vivo, mexia crescia, até as pedras e as montanhas.E assim aconteceu que uma grande montanha, sobre a qual assentava uma abóbada celestial, continuou a crescer , devagar mas sem parar, até furar a abóbada.
Passado um tempo Deus deu conta que a sua abóbada tinha uns furitos aqui e ali, e apercebeu-se que precisava de reparações mas como eram tempos intensos de criação dos seres vivos - animais e plantas, não tinha mãos a medir e foi adiando a reparação dos buracos da sua abóbada celestial.
O primeiro destes mundos, o que ficou mais abaixo, foi o mais conseguido por Deus nosso senhor. Calhou ser aquele o nosso mundo. Deus gostou tanto dele que decidiu instalar-se no céu por cima dele. Por isso fez o céu sobre o nosso mundo baixo, para não Lhe ficar longe nas suas idas e vindas constantes cá baixo para ver como tudo florescia e crescia alegremente.
Naquele tempo o céu sobre a Terra estava tão baixo, que bastava esticar o braço para se tocar nas nuvens. As rochas e penedos eram tão macios que as pessoas, embora andassem descalças, não magoavam os pés. Todos os povos eram ricos e tinham terras.
Deus deu a cada povo uma pátria. Os ciganos tinham a sua pátria que era linda e rica. A terra era fértil e tudo nela crescia abundantemente não sendo preciso trabalhar muito. Embora fosse necessário , aqui e ali, meter a mão na massa e os ciganos gostassem muito de mandriar. Não lhes apetecia fazer nem aquele pouquinho necessário. O Nosso Senhor ficava muito triste com isso e frequentemente, a quando das Suas descidas à terra, ralhava-lhes:
„Sois tão preguiçosos“ dizia-lhes, „que nem vos lavais! Olhem bem para vocês como estão sujos.“
„Isto não é sujidade,“ desculpavam-se os ciganos, „é a pele escura que nos destes.“
„Vão ao rio lavar-se e ficarão bem mais claros!“ aconselhava Deus. Mas os ciganos não foram lavar-se e quando a sujidade formou crostas que provocaram comichão até para se coçar tiveram preguiça.
Quando Deus viu tamanha moleza zangou-se e, para os castigar, criou as moscas, melgas e mosquitos.”Isto vai obrigá-los a levantar o braço para se coçarem e enxotar os insectos!” pensou.
Ajudou um pouco, mas não muito. Os ciganos continuaram a mandriar.
Num daqueles dias em que Deus desceu à terra para observar a Sua criação, encontrou uma cigana meio nua deitada debaixo duma figueira, com o filho pequeno. Ao ouvir passos a mulher levantou lentamente a cabeça para ver quem passava e, ao ver quem era, cumprimentou o Senhor mas não se levantou.
Aborrecido e de sobrancelhas franzidas seguiu adiante sem nada dizer até sentir um cheiro intenso. Volta atrás e repara na criança toda borrada. Pára e vocifera: “Não podes limpar um pouco esse menino? Não vês o que aconteceu?”
A cigana respondeu-lhe a rir. “Isto não é nada, está sempre a acontecer, já está habituado. Não posso estar sempre de plantão a limpá-lo.”
“Limpa imediatamente essa criança!” gritou Deus. “É uma vergonha, uma mãe deixar o seu próprio filho nesta imundice!”
A cigana levantou-se de má vontade e procurou algo com que pudesse limpar o miúdo. As folhas da figueira estavam muito altas, seria preciso saltar ou trepar e isso era um esforço grande. Então reparou numa nuvem muito branquinha a deslizar suavemente no céu baixinho, mesmo por cima da sua cabeça. Parecia mesmo uma fralda. A cigana levantou a mão, rasgou um pedaço de nuvem e limpou com ela o rabo do miúdo.
O nosso Senhor Deus nem queria acreditar no que via e gritou enraivecido:
“Seus preguiçosos, é assim que vocês ciganos usam as minhas nuvens? Como ficaria o céu se toda a gente fizesse o mesmo? E se encostar o meu manto divino a uma nuvem dessas? Estou farto de vós! Saiam daqui e vão vaguear pelo mundo até aprenderem a trabalhar e a respeitar o trabalho dos outros!”
E foi graças àquela cigana preguiçosa, que os ciganos perderam a sua pátria. Deus expulsou-os da terra que lhes tinha dado e deu-a a outro povo. E como toda a terra já estava atribuída, os ciganos foram obrigados a andar de terra em terra à procura dum lugar de onde ninguém os expulsasse. Uma terra sem dono.
Muitos ainda hoje a procuram.
Cikánské pohádky – Marie Voříšková
editora Mladá Fronta – 1959
Ser frugal (continuação)
Ainda na onda do post anterior:
Ninguém precisa realmente duma nova universidade em Portugal, seja em Viseu, Lisboa ou em Freixo de Espada à Cinta, como ninguém precisa duma nova auto-estrada.
Em contraste vale a pena ler/ver a Helena e registar o que realmente pode fazer a diferença no outro lado do mundo.
Ninguém precisa realmente duma nova universidade em Portugal, seja em Viseu, Lisboa ou em Freixo de Espada à Cinta, como ninguém precisa duma nova auto-estrada.
Em contraste vale a pena ler/ver a Helena e registar o que realmente pode fazer a diferença no outro lado do mundo.
10 maio 2010
Isto vai...
daqui, com o devido respeito
O Benfica é campeão,o papa vem abençoar-nos, segue-se o campeonato do mundo, depois são as férias de verão seguidas das presidenciais.
07 maio 2010
Ser frugal *
foto surripiada da net e sem origem identificável
Não podiam ser um pouquito mais específicos?
Nem uma palavra sobre anti-consumismo, o não poluir, nada de nada. Juntam-lhe reportagem duma grande superfície onde o gerente afirma que os plasmas (bons e caros) estão em alta.
Comprar plasmas é ser neofrugal?
Poupem os meus dois neurónios de serviço.
Frugalismo,com neo ou sem ele,tanto quanto sei, não é nada disso.
É a maneira consciente de estar no mundo: poupar recursos, consumir o mínimo, não sujar.
Os povos do norte da Europa praticam-no há muito. Já os nossos avós se regiam pela mesma sabedoria ancestral: no poupar é que está o ganho ou viver de acordo com as possibilidades.
Ninguém precisa realmente de 347 pares de sapatos, 126 calças, 3 telemóveis, trocar de carro todos os anos nem de o levar até à sala, comer uvas em Janeiro, vindas directamente do Chile ou Nova Zelândia, tomar o pequenpo almoço no café da esquina.
*sóbrio, comedido, moderado,contido .
05 maio 2010
Dia D
cobra gozando o sol primaveril fotografada na caminhada do pai e filhos pequenos enquanto a mãe ficou a curar a gripe
Ontem, ao perguntar a uma colega da T. se já tinha estudado para as provas, levei com uma resposta que me deixou os cabelinhos todos em pé. Dizia a petiza que essas notas não contavam para nada, portanto... sem stress.
Serei só eu que vejo o saber e o aprender a ser pouco ou nada valorizado pelas crianças e jovens? Isto não preocupa ninguém? Pais, escola, país?
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