15 janeiro 2009

Nunca pensei

Nunca pensei, como ateísta convicta e militante, encontrar-me no papel de defensora do cardeal patriarca. Parece que há mesmo uma primeira vez para tudo.
As palavras do sr. cardeal não só não me espantaram, como concordo com elas.
Em primeiro lugar o sr. tem todo o direito de exprimir, em público ou em privado, a sua opinião. Depois não disse nada que 99% dos portugueses não pensem. Talvez não tenham é a ombridade de o reconhecerem.

Em segundo lugar o sr. não disse nenhuma mentira. Pode realmente trazer sarilhos enormes casar com um muçulmano. Pode. Não é obrigatório acontecer.
O que disse pode não ser politicamente correcto mas não deixa de ser verdade.


Durante o meu percurso académico convivi com muitos árabes muçulmanos e ateus e muçulmanos não árabes. Conheci afegãos, palestinianos de várias facções, jordanos, sírios, libaneses, iraquianos pró e anti Sadam (assisti a uma manifestação de estudantes anti-Sadam com uma contra manifestação pró Sadam) e muçulmanos de origem africana. Posso dizer que sei, mais ou menos, do que falo.
Tenho uma colega e amiga que casou com um jordano, ateu e de família bem posicionada socialmente no seu país. Tentaram fazer vida na Jordânia mas desistiram pois a família e os costumes fizeram-lhe a vida num inferno. Fixaram-se na Europa (junto da família dela) e continuam casados e felizes.

É verdade que o islão impõe regras muito rígidas e precisas às mulheres (aos homens menos) de conduta, vestuário, direitos paternais, etc.


Ainda alguém se lembra do escacaréu que os muçulmanos fizeram por causa das caricaturas? Eles não toleram opiniões sobre a sua religião mas podem permanentemente lançar fatah's contra praticantes de outras religiões. Instando ao assassínio em nome de deus. Estas posições têm que ser militantemente combatidas, por ateus, católicos, protestantes, judeus e muçulmanos amantes da tolerância.

6 comentários:

Unknown disse...

Eva, tens toda a razão...

Isabel disse...

Eva, eu não concordo e já expliquei porquê no meu blog. Eu ou tu podemos pensar o que pensamos, o cardeal também, mas o cardeal como o PM como o PR, não pode ou não deve dizer tudo o que pensa. Por outro lado e fui das que defendi a "não necessidade da publicação das caricaturas", porque, e eu sou católica,não é o facto de eles não respeitarem a nossa cultura que nos deve fazer pagar na mesma moeda, é a nossa superioridade moral, a superioridade moral da cultura ocidental.

bjs

Eva Lima disse...

Isabel, o argumento "a nossa superioridade moral, a superioridade moral da cultura ocidental",usado até à exaustão, sempre que se quer tolerar o mal, já não me convence. Talvez seja da idade, mas já não alinho nessa via. As coisas têm que ser ditas nuas e cruas, "a superioridade moral do ocidente" é um eufemismo, uma forma de racismo encapotada, para esconder a nossa incapacidade para resolver os problemas existentes.
Há vinte anos atrás era eu uma acérrima defensora de todas as formas de luta da Palestina, hoje, aqui me confesso e depois de conhecer muitos activistas palestinianos, entendo a entrada bruta na faixa de Gaza. É impossível manter a "superioridade moral" a levar com rokets todos os dias na cabeça, a ter ao lado um gangue que nem sequer reconhece o direito à existência de Israel.

Carla O. disse...

Concordo inteiramente contigo. Partilhei essa mesma opinião, acerca das palavras do Cardeal, com os meus colegas - talvez pudesse tê-lo dito de maneira diferente, talvez... Mas continuo a achar que ele tem toda a razão - todos conhecemos casos com finais dramáticos, certo?
Relativamente à questão cultural, acredito que não há culturas superiores ou inferiores, há simplesmente culturas diferentes, que deveriam ser respeitadas enquanto tal. A falta de respeito pela diferença tem sido, quanto a mim, um dos maiores catalisadores de toda esta violência.
Bjs

Sara disse...

Peço desculpa pela intromissão, mas tenho de concordar com a Isabel, quando diz que todos podemos pensar o que quisermos, eu, voces, o cardeal, o 1º ministro ou o representante de qualquer pais em qualque país, mas há cargos e cargos que têm influências e influências, assim acho que o Sr. Cardeal não se deveria ter pronunciado em público sobre as restantes religiões!
Quanto à história da superioridade concordo contigo Eva e Carla, ninguém é superior a ninguém, apenas cada uns tens experiências diferentes, oportunidades diferentes... É pena que todo o mundo queira tornar tudo tão homogénio... para sermos todos "superiores"

Maria Cristina Amorim disse...

Pois eu concordo inteiramente com o nosso cardeal. Ele falou de forma aberta e franca para quem o quis ouvir. Provavelmente noutra religião diriam o mesmo da nossa e sem pensar de gostariamos ou não.
Muitas vezes, as verdades têm de ser ditas directamente para que a maioria das pessoas se apercebam da realidade.
Não vou á missa nunca, a não ser quando tem mesmo de ser, por isso não sou defensora dos padres, mas neste caso ele tem razão. Não gostaria de ver as minhas filhas casadas com alguem que as proiba de tudo e mais alguma coisa, num mundo que caminha cada vez mais para a independencia das mulheres. Seriam infelizes para sempre pois nem o divorcio podiam pedir.
Beijos.